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Precauções para evoluir de forma sustentável
por Márcio Rodrigues & Associados
06/06/2024

Ainda que seja uma ficção, a história a seguir ilustra bem algo que acontece com várias pessoas que decidem se tornar empreendedores. Um funcionário de uma grande empresa tinha o desejo de abrir seu próprio negócio, já pensando em se desligar do emprego atual e deixar de ter patrão, ao mesmo tempo em que precisava aumentar sua renda. Ele gostava de pães, fazia em casa por diversão e colecionava elogios da família.

Decidiu então fabricar pães um número maior e vender para os amigos, família e no trabalho. Comprou farinha e outros materiais, assumiu a cozinha de casa e ali produzia o que vendia depois. Noi início foi tudo bem, os amigos compravam, divulgavam, indicavam seus produtos. Outras pessoas também gostavam, a clientela aumentava. Nosso empreendedor já não dava conta de atender aos pedidos e resolveu contratar alguém para aumentar a produção. Adquiriu mais matéria-prima, e já pensava em regularizar a pequena fábrica que não cabia mais na cozinha. Contudo, nada mais deu certo e ele nem soube dizer porquê.

Muitas empresas fecham por falta de planejamento

A falta de planejamento é um dos principais fatores que leva muitos dos pequenos negócios de panificação e confeitaria a encerrar suas atividades precocemente ou mesmo funcionar de forma inadequada, perdendo mercado justamente em um momento em que conseguiram se sobressair e estariam num processo de expansão. Empreender, iniciar um negócio exige mais que ter a prática, saber fazer um produto.

Na panificação, mais de 90% dos negócios são micro e pequenas empresas. Estima-se ainda que o nível de informalidade chegue a 40%, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip).

Nestes pequenos negócios, se verificam problemas de gerenciamento, muito em decorrência do próprio início da atividade empresarial, do despreparo do empresário em nível gerencial, além de vários erros no processo produtivo – há média de 14% no índice de falhas, acarretadas pela falta de controle de fabricação e consumo de matéria-prima, retrabalho, entre outros. Como esse é um custo não calculado à princípio, quando o empresário o percebe já está num nível tão alto que acaba por minar a viabilidade da empresa.

Atenção no dia a dia é fundamental

Para não dar um “passo maior que a perna” e se perder ao ter que elevar a produção, o empresário deve estar ciente da sua capacidade produtiva, tomando por base oito horas trabalhadas na manipulação, medindo também quanto custa uma pessoa para fabricar os produtos, embutindo esse valor no custo do item.

Deve, ainda, mesmo no início do negócio, pensar sua empresa a curto, médio e longo prazo, baseando sua estrutura não só para o momento, mas também imaginando o crescimento da produção. Se não prever nada prejudica até mesmo quem já está estruturado, que pode perder mercado por conta dos seus erros e da concorrência que só aumenta, imagine quem está começando.

Outro ponto interessante é que o empresário, mesmo em início de carreira, deve pensar em si também como funcionário, colocar-se na previsão de custos e resultados, com os pagamentos devidos. E ver isso como um investimento, não apenas como custo.

Para essa estruturação sugere-se uma rentabilidade entre 10 e 15%, pagando todos os impostos e despesas com pessoal. Com isso, o retorno de investimento virá de 24 a 30 meses, garantindo a viabilidade do negócio. Além de fazer com que a empresa possa se estruturar num nível formal e “aparecer” para o mercado.

Por fim, é preciso verificar se o produto não está com preço “prostituído” no mercado, um valor que não é real. Se isso acontece, a sugestão é desenvolver novos produtos, buscando uma ênfase no artesanal, valorizando a embalagem, formato, um “sabor de infância” para conquistar o cliente. E se estruturar para mantê-lo.

Para sair do sufoco... (ou começar uma empresa corretamente)

Com organização, é possível enfrentar concorrentes de igual para igual e ganhar dinheiro, sem se esconder. Resumindo:

  • Conhecer a real capacidade de produção.
  • Planejar a empresa a curto, médio e longo prazo, considerar que ela pode (e deve) crescer.
  • Elaborar adequadamente a estrutura de custos de produção, incluindo o que se gasta com mão de obra na fabricação.
  • Prever os aumentos de produção com o passar do tempo e crescimento da empresa.
  • O empresário também deve se incluir como funcionário, no início do negócio.
  • Não “prostituir” o preço do produto, ou seja, não vendê-lo por um valor irreal. Se isso acontecer, desenvolver novos produtos, com a estrutura adequada de preço.

Não desanime, e cuide bem do seu negócio!

 

 

 

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